Muito obrigado
Algumas palavras são ditas tantas vezes que a gente esquece o que elas significam. “Deus te abençoe”, por exemplo. Mas um dia, Deus me mostrou que o uso do Seu nome não é uma fórmula. É uma responsabilidade.
Durante muitos anos, como tantos outros, eu repetia sem pensar: “Deus te abençoe”. Era automático. Parecia bonito, piedoso, espiritual. Mas um dia, tudo mudou.
Eu vinha de uma decepção profunda com minha visão religiosa. Decidi me afastar de comentários, opiniões e doutrinas humanas. Resolvi voltar só para a Escritura — e fazer dela meu alimento direto. Minha oração se resumia ao Pai Nosso. Não uma reza, mas um mergulho. Palavra por palavra, verso por verso, buscando revelação.
Até que um dia, ao chegar em “santificado seja o teu nome”, o céu pareceu desabar sobre mim. Dentro de mim, ouvi com clareza:
“Não use o meu nome em vão. Porque eu não deixarei impune quem usar o meu nome em vão. Fale no teu nome.”
Passei horas refletindo. Lembrei quando o Senhor falou isso para Moisés. Revi tudo o que eu dizia, repetia, assinava em nome de Deus. E então parei diante do “Deus te abençoe”. Uma frase tão comum… mas tão ausente nas Escrituras. Percebi que no Novo Testamento — surpreendentemente — não há sequer um caso de alguém dizendo isso a outro.
Jesus nunca disse “Deus te abençoe”. Paulo, Pedro, João… nenhum dos apóstolos usou essa expressão como bênção verbal. Eles abençoavam com suas vidas. Com suas orações. Com a presença.
E Jesus… ah, Jesus abençoava tocando, curando, perdoando, partilhando. Ele nos ensinou a abençoar amando. E quando falava, dizia:
“Vai em paz.” “Fique em paz.”
E não era apenas uma despedida. Era um gesto de entrega. Era como dizer: “Está tudo bem. Você pode seguir. Eu estou contigo. Deus está contigo.”
E foi Ele mesmo quem disse:
“Eu lhes dou a minha paz. Não a dou como o mundo a dá.”
A paz dEle. E agora, com essa paz habitando em mim, eu posso abençoar de forma viva, verdadeira, presente.
Então, eu entendi: Dizer “Deus te abençoe” pode, sim, ser sinal de fé… mas muitas vezes é apenas falta de entendimento da obra de Cristo. Porque Ele morreu, ressuscitou, e me deu o Espírito Santo. Agora, a presença de Deus habita em mim.
E por isso, eu posso — e devo — falar no meu nome, com a consciência de quem carrega Deus por dentro.
E posso dizer:
“Vai em paz. Fique em paz.”
Não como uma fórmula, mas como um compromisso.
Fique tranquilo. Prospere. Se desenvolva. Eu estou contigo.
E se Deus está comigo, e eu estou contigo, então Deus está com você.
E mais: Ele pode estar dentro de você também.
Essa é a obra de Jesus.
Foi aí que me lembrei da fala de António Nóvoa:
“Muito obrigado não é uma etiqueta. É um reconhecimento. É um vínculo.”
E entendi que há algo muito sagrado nisso também.
Porque tanto no “Muito obrigado” quanto no “Fique em paz”, o que há de mais valioso é isso:
a verdade. A presença. A entrega. O amor.
E isso, sim, santifica o nome de Deus.
António Nóvoa — Muito Obrigado
(Vídeo que inspirou parte desta reflexão)