Os Ateus Têm Razão — Mas Ainda Não Viram Tudo
“Deus prova os homens, e lhes mostra que são em si mesmos como os animais.” →
É duro. Mas é verdadeiro.
Mais verdadeiro do que todas as frases bonitas sobre dignidade humana.
Mais profundo do que todos os discursos religiosos sobre salvação.
Deus não está pesando boas intenções. Ele está pesando o espírito. E o que sobra, quando o Espírito se retira, é instinto.
É carne. É ego. É disfarce.
Rousseau: o homem nasce bom (ou quase)
Rousseau viu o que os religiosos do seu tempo não viam:
Uma religião aliada ao poder. Um clero explorador. Uma fé que humilhava.
Diante disso, declarou: “o homem nasce bom; a sociedade é que o corrompe.”
Ele estava tentando defender a dignidade humana — mas fez isso sem o Espírito.
Ele rejeitou a Bíblia, mas acreditava em Deus. Não o Deus que se revela — mas um deus da consciência, do sentimento, da moral interna.
Rousseau não era ateu, mas também não era cristão. Ele acreditava na religião natural, não na revelação.
Seu erro? Pensou que o homem solto da sociedade voltaria à pureza.
Mas o homem solto da sociedade vira bicho — porque o problema não está fora, mas dentro.
A Bíblia diz: “Não há justo, nem um sequer.” →
Sem o novo nascimento, o que se solta não é a bondade — é a besta.
As consequências de Rousseau: o sonho que virou tirania
A ideia de que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe não ficou apenas nos livros.
Ela virou grito de revolução:
Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Três palavras belas — e perigosas quando desconectadas da cruz.
Porque quando a referência é o próprio homem, o que se chama de liberdade vira licença.
A igualdade vira coerção.
A fraternidade vira imposição.
A Revolução Francesa, filha direta do pensamento de Rousseau, prometeu um mundo novo. Mas entregou guilhotinas.
Prometeu libertação. Mas gerou terror.
Milhares foram mortos em nome do novo homem.
E desde então, o mesmo erro se repete:
- O comunismo soviético matou milhões, tentando fabricar o “homem coletivo”.
- O nazismo tentou moldar o “homem superior”.
- O humanismo moderno tenta preservar o “homem livre” — dopado por direitos e distrações.
Tudo isso sem o Espírito.
Tudo isso sem morrer o velho homem.
O que Rousseau não viu — e o mundo insiste em não ver — é que o verdadeiro novo homem não nasce de revoluções sociais, mas de uma única revolução interior:
a formação de Cristo.
Harari: o homem será inútil
Yuval Noah Harari, um dos maiores pensadores da atualidade e autor dos best-sellers internacionais Sapiens: Uma breve história da humanidade, e Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã, olha para o futuro e diz:
“A maioria das pessoas se tornará economicamente irrelevante. Teremos que oferecer a elas renda mínima, entretenimento e drogas para manter a ordem social.”
Ele está certo. Porque está falando do mundo que conhece:
um sistema que só reconhece valor quando há produtividade.
Se o homem não serve mais à máquina, ele será domesticado.
Um animal com tela na mão, comida básica garantida, e dopado o suficiente para não reagir.
A ideia é cruel — mas lógica.
O problema não está em Harari. Está no mundo sem Deus que ele descreve com honestidade.
Leandro Karnal: o ateu que respeita a fé — mas nunca se curva
Karnal não quer mudar o mundo nem prevê catástrofes.
Ele é um observador. Um cronista da razão.
Um ateu elegante que fala sobre Deus com reverência — mas de longe.
Ele cita os evangelhos. Admira Jesus. Fala de espiritualidade.
Mas nunca confessa o Cristo.
Seu discurso agrada porque é polido e crítico ao mesmo tempo.
Mas ele nunca nasceu de novo.
Ele pensa sobre a fé, mas não se rendeu à fé.
Por isso, tudo o que diz — mesmo quando acerta — permanece frio.
Como quem analisa o fogo sem jamais se queimar.
O Zé — meu amigo
Tenho um amigo. Vou chamá-lo de Zé.
Ele é ateu. E é honesto.
Ele diz que o homem é circunstancial.
Age ou reage conforme o ambiente.
Coloque o mesmo homem em contextos diferentes, e você verá versões diferentes dele.
E ele está certo.
Porque o homem sem Deus é mesmo assim: instintivo. Adaptável. Estratégico.
Mais próximo de um animal racional do que de um ser espiritual.
Mas o que Zé ainda não viu — talvez — é que existe um outro homem.
Um que não reage ao ambiente, mas o transforma.
Um homem que não nasceu da carne, mas do Espírito.
Esse homem não depende das circunstâncias. Ele depende do Pai.
A perversão do “próximo” e o adestramento dos pobres
Hoje, os necessitados — alimentados por cestas básicas e auxílios —
passaram a tratar esses apoios como obrigações.
Não há gratidão. Não há consciência. Há cobrança.
E a igreja, perdida no jogo da moral, reforça isso:
“Nosso papel é servir os pobres.”
Mas esqueceram o que Jesus ensinou.
Na parábola do bom samaritano, Jesus não pergunta quem é o necessitado.
Ele pergunta: “quem foi o próximo?”
Resposta clara: o que ajudou.
O meu próximo é quem me socorre, não quem precisa de mim.
A igreja inverteu isso porque é mais fácil ajudar do que reconhecer que um dia fomos ajudados.
Por isso Jesus não deu um novo resumo da Lei.
Ele deu um novo mandamento:
“Amem uns aos outros como eu os amei.”
Não é mais amar ao outro como a si mesmo.
É amar como Cristo amou: sem medida, sem interesse, sem orgulho.
Quem não entra pela porta — escala muros com diplomas, moral e tradição
Jesus foi claro:
“Aquele que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante.” →
E também disse:
“Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá, e encontrará pastagem.” →
Mas muitos religiosos não entraram pela porta.
Não morreram para si.
Não nasceram do Espírito.
Pularam o muro — com títulos, tradição, moral e discurso.
E agora ensinam ovelhas a seguirem um caminho que nem eles trilharam.
Esses são os que fazem da fé um sistema.
Da igreja, uma empresa.
Do povo, um rebanho domesticado.
Mas quem entra pela porta — pela cruz, pela entrega, pela fome de Deus —
encontra vida. Pastagem. Liberdade. E verdade.
“Estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos são os que a encontram.” →
“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” →
O trabalho: não castigo, mas expressão do novo homem
O mundo de Harari trata o trabalho como critério de valor.
A religião institucional o trata como castigo.
Mas no Domínio do Espírito, o trabalho é expressão da nova natureza.
Adão já trabalhava no Éden — antes do pecado.
O trabalho não é maldição. É vocação.
Mas só quando nascemos do Espírito é que ele se torna serviço.
Não mais para provar valor. Mas porque já sabemos quem somos.
O homem carnal trabalha por medo.
O homem adestrado trabalha por recompensa.
Mas o homem espiritual trabalha por amor.
Conclusão: não se trata de religião, mas de Cristo formado em nós
Rousseau está certo — contra o que viu.
Harari está certo — sobre o que está vindo.
Karnal está certo — sobre o que está vazio.
Acredito que no fundo e com a inteligência que demonstram o que eles rejeitam é a caricatura do divino expressa pelas tradições.
E no contexto atual, muito provavelmente Jesus seria novamente rejeitado e crucificado pelos religiosos.
Mas todos eles ainda não viram o que está vivo.
Porque Cristo não veio para fundar uma nova religião.
Veio para formar um novo homem.
E esse homem, diferente de tudo o que se viu,
não vive por instinto, nem por sistema, nem por moral.
Vive porque o Espírito habita nele.
E tudo muda a partir daí.
“O crisol é para a prata, o forno é para o ouro, mas o Senhor prova os corações.” →