A chave da Bíblia
Muita gente pensa que “Jesus Cristo” é apenas o nome completo de uma pessoa, como se fosse “nome e sobrenome”. Mas não é isso que a Bíblia mostra.
A Bíblia trata Jesus e Cristo como duas realidades diferentes.
Jesus é o nome do homem nascido de Maria, da linhagem de Davi. Ele viveu entre nós, com corpo, voz, fome, sede, lágrimas e risos. Jesus é a 41ª geração citada no Evangelho de Mateus, capítulo 1 — o cumprimento da promessa feita a Abraão e a Davi.
Mas Cristo não é um nome — é um título. “Cristo” significa “Ungido”. E só pode ser reconhecido por revelação do Espírito.
Foi isso que aconteceu com Pedro. Quando Jesus perguntou: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”
E aí algo mudou. Pela primeira vez, Mateus chama Jesus de Jesus Cristo. Porque naquele momento, a identidade do Cristo foi revelada. Não por tradição, nem por ensino. Mas por revelação.
Logo no primeiro capítulo do Novo Testamento, o evangelista Mateus escreve algo curioso:
“Assim, ao todo, houve quatorze gerações de Abraão a Davi, quatorze de Davi até o exílio na Babilônia, e quatorze do exílio até Cristo.” (Mateus 1:17)
Se você fizer as contas na genealogia de Mateus, vai notar algo estranho: Ele promete quarenta e duas gerações, mas só quarenta e uma são listadas.
A última da lista é Jesus, filho de Maria. Então… cadê a 42ª?
A resposta está escondida em mistério — e revelada pelo Espírito: A 42ª geração não é um nome numa lista. É Cristo, uma obra espiritual.
Cristo é formado dentro do ser humano Jesus. Não é mais uma geração da carne. É uma nova criação.
Jesus é o fim da genealogia da carne. A partir dele, Deus começa algo completamente novo: Homens e mulheres comuns, nos quais Cristo é formado.
Essa é a geração do Espírito. A geração que nasceu no Pentecostes. A geração de filhos — não segundo o sangue, mas segundo a fé.
Depois da ressurreição de Jesus, Ele foi exaltado à direita do Pai. E então, como havia prometido, enviou o Espírito Santo.
No dia de Pentecostes, o Espírito veio sobre os discípulos — e Pedro, cheio do Espírito, fez uma declaração que até hoje pouca gente percebe:
“Portanto, toda a casa de Israel esteja absolutamente certa disto: a este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo.” (Atos 2:36)
Pedro está dizendo que Jesus se tornou Cristo — não por título humano, mas porque Deus o fez Senhor e Cristo ao ressuscitá-lo e exaltá-lo.
Jesus nasceu da carne. Cristo é gerado pelo Espírito. E agora, esse mesmo Cristo — que foi formado em Jesus — passa a ser formado em cada um de nós, pela mesma presença do Espírito.
Jesus e Paulo anunciaram boas-novas. Mas não eram exatamente as mesmas.
Jesus pregou o Reino de Deus: “O Reino de Deus está próximo.” “Arrependam-se, pois o Reino chegou até vocês.” “O Reino de Deus está entre vocês.”
Mas esse Reino ainda não havia sido entregue. Jesus falava do que estava por vir — porque o Espírito Santo ainda não havia sido derramado.
Sua mensagem era: O Reino está próximo. Preparem-se.
Paulo, depois da cruz e da ressurreição, pregava outra coisa: O Cristo já veio. O Espírito já foi dado. Agora, Ele quer ser formado em você.
Por isso ele escreveu: “Meus filhinhos, por quem de novo sofro dores de parto, até que Cristo seja formado em vocês.” (Gálatas 4:19)
Enquanto muitos tentam imitar Jesus, Paulo revela algo maior: Não é mais tentar parecer com Jesus. É deixar Cristo viver em nós.
“Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” (Gálatas 2:20)
O Velho Testamento inteiro aponta para Jesus. Ele é o Messias prometido, o Filho de Davi, o Cordeiro de Deus.
O Novo Testamento aponta para o Cristo sendo formado em nós. O Espírito que habitava em Jesus agora forma Cristo dentro de cada filho e filha de Deus.
É como se a Escritura inteira estivesse dizendo: “Primeiro, contemplem Jesus. Percebam o Cristo sendo formado nEle. Depois, deixem que o Cristo seja formado em vocês.”
Essa é a chave.
A chave para ler a Bíblia não como um livro religioso, mas como um testemunho vivo —
que conduz da promessa ao cumprimento, da carne ao Espírito,
de Jesus à formação de Cristo em nós.
É por isso que Jesus orou:
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3)
Ele não disse que a vida eterna é crer em doutrinas sobre Deus ou seguir os ensinamentos de Jesus.
Ele disse que a vida eterna é conhecer — conhecer o Pai e reconhecer o Cristo.
Essa é a chave que abre a Bíblia — e o coração.
Quando olhamos a Bíblia por esse prisma, tudo se conecta.
Tudo faz sentido.
As histórias se encaixam.
As palavras se acendem.
É como se uma explosão suave e poderosa rompesse o véu da tradição.
A letra que antes parecia pesada se torna leve.
O que antes era confuso se torna claro.
O que parecia distante, agora mora dentro.
Jesus é a promessa encarnada.
Cristo é a promessa cumprida em nós.
Essa é a 42ª geração.
Essa é a nova criação.
Essa é a simplicidade, a beleza e a profundidade das Escrituras Sagradas.