Cristo em Jesus e Cristo em nós
Durante todo o Velho Testamento, o povo de Deus esperava pela vinda do Messias, do Ungido. A promessa estava em todo lugar: nos Salmos, nos Profetas, na Lei. Esperava-se um rei como Davi, um libertador como Moisés, um profeta como Elias. E eles vieram. Mas nenhum deles foi a promessa definitiva.
No Antigo Testamento, o Espírito Santo se manifestava de forma pontual. Ele vinha sobre algumas pessoas para cumprir um propósito específico: sobre os juízes para libertar, sobre os reis para governar, sobre os profetas para anunciar. Mas era sempre uma ação temporária. Ele vinha, capacitava, e depois se retirava.
Em Saul, o Espírito veio — e depois se retirou. Em Sansão, vinha com força para o combate. Em todos, a ação era limitada e condicional.
Davi é uma exceção marcante. Em 1 Samuel 16:13 está escrito: “…daquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apossou de Davi.” Foi algo contínuo, permanente — mas mesmo assim, ele orou: “Não retires de mim o teu Espírito”. A presença ainda podia ser perdida. A promessa ainda não estava completa.
Antes de haver mundo, havia o Verbo. E o Verbo estava com Deus. E o Verbo era Deus.
Tudo o que existe passou por Ele. Tudo o que tem vida, tem origem nEle. E essa vida era a luz dos homens.
A luz brilhou nas trevas. As trevas não a entenderam. Não a acolheram. Mas ela continuou brilhando.
Aquele que era eterno se fez visível. O invisível se fez carne. O Verbo habitou entre nós.
E vimos a sua glória. Glória como do unigênito do Pai. Cheio de graça e de verdade.
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Jesus era o Cristo. O Ungido. O primeiro homem cheio do Espírito Santo. O primeiro a viver totalmente submisso, totalmente conduzido, totalmente habitado pelo Espírito. Ele é a expressão perfeita do Pai. O homem em quem Deus pode habitar plenamente.
Isaías profetizou: “O seu nome será Emmanuel, que significa: Deus conosco”. E em Jesus, essa promessa se concretiza. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Mas essa presença — Deus conosco — ainda era localizada. Estava em Jesus.
Jesus então promete: “Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Consolador, para estar com vocês para sempre: o Espírito da verdade… Ele vive com vocês e estará em vocês.” (João 14)
Deus conosco se tornaria Deus em nós. E não por um tempo — mas para sempre.
A tradição olha para Jesus, mas não vê Cristo.
Olha para o Cristo, mas não crê que Ele pode ser formado em nós.
Admira Jesus como exemplo, como salvador, como figura histórica. Mas não reconhece que Ele é o primeiro de muitos filhos. Que o plano de Deus era formar um corpo, uma família, um povo cheio do mesmo Espírito.
Por isso, a maioria das igrejas prega um Cristo fora de nós. E por isso, a vida cristã se torna moralista, cansativa, estéril.
Jesus disse: “A obra de Deus é crer naquele que Ele enviou”. Naquele tempo, o enviado era Jesus. Mas Ele mesmo avisou: “É melhor que eu vá. Se eu for, enviarei o Consolador.” E soprou sobre os discípulos: “Recebam o Espírito Santo”.
Hoje, o enviado é o Espírito Santo. E crer no enviado hoje é crer nEle. É ser conduzido por Ele. É nascer de novo. É deixar que Cristo seja formado em nós.
No Velho Testamento, o Espírito vinha sobre. Em Jesus, Ele habitava. Em nós, Ele deseja fazer morada.
Davi disse: “Não retires de mim o teu Espírito”. Mas Paulo diz: “Vocês são templo do Espírito Santo”. Essa é a nova aliança. Essa é a boa notícia. O Reino de Deus está em vocês.
Cristo em Jesus é a revelação. Cristo em nós é a formação.
Esse é o plano. Esse é o caminho. Essa é a verdade que liberta.
Não fomos chamados apenas a crer em Jesus.
Fomos chamados a nascer de Deus.
A sermos feitos filhos.
A sermos cheios do mesmo Espírito.
Para que o mundo não veja apenas Jesus,
mas veja Cristo formado em um corpo vivo,
em amor, em verdade, em poder,
em nós.