Na semana passada, acordei pela manhã triste, deprimido e sem vontade de sair da cama. Estava pensando em algumas coisas que me faltam e que ainda não consegui, apesar dos muitos esforços que tenho feito. Quanto mais eu pensava naquilo, mais aprofundava o sentimento de tristeza. Passados alguns bons minutos, remoendo aquela tristeza, o Senhor me trouxe à mente que o que realmente me faltava era:
– Dar
– Doar
– Perdoar
Todas com D, e isso dói.
(Podemos inicialmente pensar que Perdoar não é com D, mas Perdoar é a expressão máxima de Doar)
Dar é entregar alguma coisa a quem nos pede, como reação. Doar é entregar alguma coisa por iniciativa própria, a quem achamos que merece a nossa atenção. Perdoar é doar alguma coisa para quem não merece; se merecesse seria apenas justiça.
Percebi então que eu estava olhando o copo mais que meio cheio, e reparando apenas na parte que faltava para encher o copo. E o Senhor continuou me tratando: O que falta a você é… Entendimento!
Quando compreendi isso, pela enésima vez, o meu estado mudou e comecei a me alegrar. Levantei da cama, lembrando que poucas coisas realmente me faltam e que se eu ficar olhando apenas o que me falta serei eternamente triste. Por outro lado, eu tenho tantas coisas a agradecer…
E, naquele exato momento me veio: Isso, exatamente, Agradeça! Expresse a sua gratidão! Ao fazer isso, ao expressar a gratidão por tantas coisas que já recebi, eu exultei; todo e qualquer traço de tristeza se foi.
O que se pode aprender com isso? As Escrituras Sagradas ensinam que é melhor dar do que receber; apesar de que nós gostamos mesmo é de receber. Ensinam também que quanto mais nós damos mais recebemos. E, por falta de compreensão, por nos esquecermos do Divino que habita em todos os seres humanos, nós nos apequenamos, olhando apenas para a nossa própria capacidade limitada.
Com a consciência da realidade da presença divina, dentro de nós, tudo muda: Todos os momentos se tornam os melhores momentos, todas as pessoas estão perdoadas, independentemente do tamanho das suas culpas. Nós também estamos perdoados e somos a melhor expressão do que podemos ser, até aquele momento. E não há mais limites, por causa do Divino poder dentro de nós.
Todos conhecemos algumas pessoas realmente doadoras, pessoas com graça para nos ouvir e nos ajudar, independentemente dos recursos disponíveis. Você já reparou que, na maior parte das vezes, tudo pode ser resolvido com um bom par de ouvidos e uma boca que anuncia coisas boas, ainda que não vejamos o como isso vai acontecer; essa é a nossa semelhança como Criador: Chamar à existência o que ainda não existe!
Então, se os recursos, chamados materiais, são limitados, os nossos recursos imateriais são ilimitados e estes mudam tudo, quando temos ousadia para chamá-los à existência.
Vejamos alguns exemplos:
– Na parábola dos talentos: Quanto mais multiplicamos o que recebemos, mais receberemos.
– Pedro e João, quando aquele aleijado lhes pediu algo, esperando receber algum dinheiro: Não temos prata e nem ouro mas levante-se, tome o teu leito e ande!
– Do profeta Elias com a viúva de Sarepta: Faça um bolo para mim e, com o que sobrar, faça outro para você e seu filho.
– Jesus alimentando uma multidão com poucos peixes e pães: Agradeceu, repartiu entre eles, e todos ficaram saciados.
Em todos os casos eles confiaram naquele que pode multiplicar o pouco que se tem, através do agradecimento e da ousadia de agir contra toda a racionalidade limitante das tradições.
Está triste, deprimido? Quer mudar o seu estado? O que sai da sua boca vem do seu coração e é isso o que contamina ou contagia você.
Haja luz! Amém!