Quando Deus se esconde

Quando Deus se esconde

Deus se esconde

Deus se esconde

Quando Deus se esconde: a luz que brilha devagar

O sofrimento de querer revelá-Lo, e a beleza de encontrá-Lo no tempo certo

Às vezes me pergunto, com temor e sinceridade: se Deus se esconde, quem sou eu para tentar revelá-Lo?

Essa pergunta me acompanha há anos. E cada vez que penso nela, lembro que o próprio Deus, na Sua Palavra, se apresenta como Aquele que esconde e revela:

  • Verdadeiramente tu és um Deus que se esconde
  • Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido.

Ocultar e esconder: duas formas de amor

Ao longo do tempo, compreendi algo: ocultar não é o mesmo que esconder.

  • Ocultar é velar, deixar parcialmente coberto, como quem protege um mistério precioso. O Reino de Deus foi ocultado nas parábolas, Cristo estava oculto nas Escrituras.
  • Esconder é retirar da vista, tornar invisível por um tempo. Deus se esconde para que o homem aprenda a buscar.

Ambos os gestos são amorosos. Ambos convidam à relação.

  • Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração.  Eu me deixarei ser encontrado por vocês, declara o Senhor

O sofrimento de querer revelá-Lo

Confesso: isso me faz sofrer. Já tentei explicar, mostrar, gritar em silêncio:

“Vocês não estão vendo? A luz está aqui!”

  • Por mais um pouco de tempo a luz estará entre vocês. Andem enquanto vocês têm a luz, para que as trevas não os surpreendam, pois aquele que anda nas trevas não sabe para onde está indo.
  • É como se um fogo ardesse em meu coração, um fogo dentro de mim. Estou exausto tentando contê-lo; já não posso mais!

Durante o processo de funeral e luto pelo falecimento do meu filho, recebi muitas palavras de consolo. Algumas ficaram como ecos, outras se apagaram com o tempo. Mas três, ditas por pessoas queridas, marcaram profundamente o meu coração. Eu não as entendi na hora. Mas nunca mais as esqueci.

A primeira, dita com visível constrangimento, foi: “Airton, eu não sei como… mas esse evento é para que a glória de Deus seja manifestada na sua vida.”

A segunda, com a mesma humildade, foi: “Eu não sei como isso se encaixa aqui, Airton, mas o que vem ao meu coração é: todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.”

E a terceira… veio como um sopro, quase sem explicação: “É porque você pode suportar, Airton.”

Guardei essas três frases sem saber por quê. Hoje sei: elas foram luzes escondidas no escuro. Foram como sementes lançadas na terra ainda sem forma. E Deus, com o tempo, fez com que começassem a brilhar. Devagar. Mas brilhar.

O Reino é um processo, não um evento

Muitos cristãos hoje esperam um milagre, um evento, um estouro do céu. Mas andar com Deus é uma caminhada. Um processo. Eterno.

Como a fábula da galinha dos ovos de ouro: o fazendeiro, impaciente, matou a galinha para tentar encontrar todos os ovos de uma vez — e ficou sem nada.

Assim fazemos com Deus: queremos tudo agora. Revelação imediata. Mas Ele nos dá um ovo por dia. Um tesouro de cada vez.

Tateando possam encontrá-Lo

Paulo disse aos gregos em Atenas:

  • É Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar

Tesouros escondidos, riquezas encobertas

E a promessa de Isaías ressoa como resposta do próprio Deus:

Ele se esconde… para que O busquemos. Ele se revela… para que O conheçamos. E Ele nos chama… pelo nome.

Temos este tesouro em vasos de barro

No fim das contas, não somos os reveladores. Somos apenas o vaso:

  • Mas temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós.

Deus se esconde em nós. E brilha, quando quer. Por isso, continuo caminhando. Em paz. Mesmo quando a dor me visita.

Pois sei que a luz está brilhando. Devagar. Mas está.

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