Mandamento impossível
Os Mandamentos de Deus são impossíveis
Deus deu mandamentos. Primeiro, dez. Depois, por meio do zelo religioso, os judeus transformaram esses dez em muitos preceitos. E também não conseguiram cumpri-los. Nem os antigos. Nem os modernos. Nem os mais santos.
Porque a verdade é simples: todos os mandamentos de Deus são impossíveis de serem cumpridos por um ser humano natural.
A Lei foi dada para revelar, não para transformar. Seu papel era expor a fragilidade da carne, a incapacidade do homem, e conduzi-lo a Cristo. Como disse Paulo: “por meio da Lei nos tornamos plenamente conscientes do pecado”.
Dez mandamentos já seriam impossíveis. Mas os mestres da Lei os ampliaram demais. E esse sistema de exigências tornou-se um fardo insuportável.
Ao longo dos séculos, estudiosos judeus identificaram 613 preceitos (“mitzvot”) extraídos da Torá (os cinco primeiros livros de Moisés):
Essa estrutura cobria todos os aspectos da vida: alimentação, higiene, vestimenta, sexualidade, justiça, agricultura, rituais, sacrifícios, relações sociais e familiares.
Era uma vida completamente regulada pela letra da Lei. Um jugo pesado.
Pedro, em Atos 15, reconhece com honestidade:
“Por que querem tentar a Deus, impondo sobre os discípulos um jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar?”
Jesus também denunciou esse sistema:
“Atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los sequer com um dedo.”
A Lei serviu como sombra, mas não aperfeiçoou ninguém.
Jesus e Paulo afirmam que toda a Lei se resume em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mas mesmo esse resumo, embora mais simples, continua impossível para o homem natural.
Porque amar o próximo “como a si mesmo” ainda me coloca como medida. E meu amor por mim mesmo é fraco, instável, limitado. Logo, esse amor nunca será capaz de refletir a plenitude do amor de Deus.
Hebreus 7.18-19 diz claramente:
“A Lei foi anulada por ser fraca e inútil (pois a Lei não havia aperfeiçoado coisa alguma), sendo introduzida uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus.”
Jesus deu um novo mandamento:
“Amem-se uns aos outros como eu os amei.”
Esse não é um aperfeiçoamento da Lei. É algo totalmente novo.
É um amor que não tem referência no homem. Que não depende de reciprocidade. Que não busca interesses próprios. Que se entrega mesmo sendo rejeitado. Que perdoa durante a crucificação. Que serve traidores.
Esse amor não pode ser vivido por um ser humano natural.
Jesus disse:
“O que é impossível para os homens é possível para Deus.”
E também:
“Sem mim, vocês não podem fazer nada.”
O novo mandamento não é um chamado ao esforço, à disciplina ou à religião. É um convite à rendição.
Porque esse amor só pode ser vivido em Cristo, com Cristo formado em nós:
Paulo diz que o amor é fruto do Espírito (Gálatas 5.22). Não é um sentimento humano lapidado. É o resultado da vida de Cristo em nós.
Esse é o segredo do novo mandamento:
Ele não é para ser cumprido.
Ele é para ser vivido por uma nova criatura, nascida do Espírito.
Jesus faz um convite com uma promessa que liberta:
“Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11.29-30)
O jugo da religião é pesado, mas o jugo de Cristo é leve. Porque não se trata de peso sobre os ombros, mas de vida no coração.
O Evangelho não é um treinamento de comportamento. É um novo nascimento.
Deus não está tentando nos melhorar. Ele diz para crucificar nossa velha natureza, para que Cristo viva em nós.
Portanto, toda vez que você tentar amar e não conseguir, perdoar e não sentir forças, servir e se sentir esgotado… lembre-se:
É impossível mesmo. Mas em Cristo, tudo se torna possível.