O Xadrez
O xadrez nasceu na Índia, por volta do século VI, com o nome de Chaturanga. Era um jogo de guerra, com peões, cavalos, elefantes e carruagens, que representavam diferentes divisões do exército. De lá, foi para a Pérsia, onde se tornou Shatranj, e depois se espalhou pelo mundo árabe até chegar à Europa medieval.
Na Europa, o jogo foi transformado. O conselheiro virou a dama, com poderes muito maiores. Os bispos ganharam movimento diagonal. O jogo ficou mais rápido, mais tático e agressivo. Foi só no século XIX que as regras modernas foram consolidadas e os campeonatos internacionais começaram a surgir. Em 1886, foi realizado o primeiro Campeonato Mundial de Xadrez, vencido por Wilhelm Steinitz.
Hoje, com o apoio da inteligência artificial e das plataformas online, o xadrez vive uma nova era de crescimento global.
– Peões: Representam o povo, os soldados comuns. São a linha de frente, os que enfrentam o risco primeiro. Avançam com limitação, mas têm um potencial escondido: podem ser promovidos a qualquer outra peça (menos o rei). Isso revela uma lição profunda: mesmo o mais humilde, se perseverar, pode se tornar majestade.
– Cavalos: A cavalaria – representam o movimento inesperado. Pulam por cima de outras peças, atacam de forma indireta. No simbolismo, mostram como a criatividade e a astúcia podem superar a força bruta.
– Bispos: São a religião ou a sabedoria espiritual na tradição medieval. Movem-se nas diagonais, influenciando de longe. Têm poder sutil, mas eficaz. Mostram que nem tudo é direto; há forças que agem através da influência. Quando estão em pares — um em casa branca, outro em casa preta — se tornam ainda mais perigosos, pois juntos controlam o tabuleiro inteiro. Isso nos lembra que algumas forças só alcançam sua plenitude quando se unem.
– Torres: São fortalezas, estruturas sólidas. Atuam em linha reta, com força e constância. Representam o poder territorial, o suporte, o que sustenta o conjunto. No jogo, muitas vezes ficam presas até o fim. Só depois do roque, elas revelam seu poder. É como talentos que precisam de espaço e tempo para atuar.
– Dama (Rainha): É a junção de poder e liberdade. Move-se como torre e bispo, por isso domina o tabuleiro. Sua ascensão na Europa medieval reflete o crescente poder político das rainhas à época. No jogo, exige respeito e estratégia. Se usada cedo demais, pode se perder à toa. Simboliza o poder que precisa ser guiado pela sabedoria.
– Rei: É o propósito. Frágil no movimento, mas essencial. Tudo gira em torno dele. O rei simboliza aquilo que dá sentido à luta. Se ele cai, tudo termina. É a missão, o centro, o fim e o começo.
A vida é como o xadrez: cada peça tem seu papel, seu tempo e sua função. E vencer não é apenas capturar, mas entender o tempo certo de agir e de esperar. Há momentos de sacrifício, de construção, de defesa e de ataque.
Nem sempre quem começa melhor vence. O final é o que importa. E no fim, assim como no xadrez, a humildade de um peão pode se tornar glória se ele atravessar tudo.
No xadrez, os iniciantes veem apenas o movimento imediato. Jogadores experientes veem três, cinco, dez lances à frente. Os melhores jogadores do mundo enxergam mais de 15 lances em certas posições táticas, e as inteligências artificiais de hoje, como Stockfish e AlphaZero, conseguem calcular milhões de possibilidades por segundo, avaliando linhas com mais de 20 lances.
Mas essa visão não é um dom imediato. Ela é treinada, fruto de erro, observação, repetição e paciência.
É assim também na vida. Quem amadurece passa a enxergar o que antes não via. Começa a entender as consequências, a perceber o invisível. Começa a agir com sabedoria.
Num dos treinamentos que aplicamos, escondemos peças do tabuleiro para forçar a mente a imaginar. É um exercício de percepção. Porque ver é muito mais do que enxergar. E quanto mais você treina, mais você vê.
Top 5 Masculino:
1. Magnus Carlsen (Noruega, nascido em 1990) – 2837
2. Hikaru Nakamura (EUA, 1987) – 2804
3. Gukesh Dommaraju (Índia, 2006) – 2787
4. Arjun Erigaisi (Índia, 2003) – 2782
5. Fabiano Caruana (EUA, 1992) – 2776
Top 5 Feminino:
1. Hou Yifan (China, 1994) – 2633
2. Ju Wenjun (China, 1991) – 2580
3. Lei Tingjie (China, 1997) – 2552
4. Aleksandra Goryachkina (Rússia, 1998) – 2544
5. Koneru Humpy (Índia, 1987) – 2543
Top 5 Juniores Masculino (Sub-20):
1. Gukesh Dommaraju (Índia, 2006) – 2787
2. R Praggnanandhaa (Índia, 2005) – 2758
3. Javokhir Sindarov (Uzbequistão, 2005) – 2706
4. Raunak Sadhwani (Índia, 2005) – 2672
5. Volodar Murzin (Rússia, 2006) – 2658
Top 5 Juniores Feminino (Sub-20):
1. Divya Deshmukh (Índia, 2005) – 2469
2. Lu Miaoyi (China, 2010) – 2450
3. Anna Shukhman (Rússia, 2006) – 2413
4. Song Yuxin (China, 2007) – 2397
5. Zsóka Gaál (Hungria, 2007) – 2395
Fonte: FIDE Ratings – Maio 2025
O xadrez ensina mais do que estratégia. Ensina humildade, paciência, visão, e a coragem de sacrificar hoje pensando no amanhã. Cada peça, cada jogada, cada derrota e cada vitória compõem uma lição sobre a vida.
Porque no fundo, o tabuleiro somos nós. E a verdadeira partida é aquela que nos transforma por dentro.
Xadrez Invisível – Exercício de Percepção e Reflexão
“O que você ainda consegue ver?”
Faixa etária recomendada: Crianças a partir de 10 anos, adultos iniciantes e grupos de estudo.
Material necessário:
– 1 tabuleiro de xadrez
– Pano, cartolina ou folha para cobrir parte do tabuleiro
– Relógio ou cronômetro (opcional)
Dicas adicionais:
– Comece com poucas peças no tabuleiro.
– Aumente a complexidade aos poucos.
– Deixe que a pessoa narre seus pensamentos enquanto joga.
“Jogar no escuro”
Aplicação: Reuniões de reflexão, escolas, grupos de jovens ou até em devocionais.
“O invisível é real — e quem treina o invisível, vence o visível.”