Pai Nosso
Tu és nosso, não meu. És Pai, mas não à nossa imagem. Estás acima — nos céus — não num lugar distante, mas na realidade invisível onde tudo permanece inteiro, puro, eterno. És o Pai de todos, e nos ensinas já no primeiro sopro da oração que não estamos sozinhos.
Que teu nome, que é tua presença, tua essência, teu caráter, seja conhecido como santo — não apenas pronunciado, mas reconhecido. Que o mundo te veja como Tu és. Que todo falso nome, toda imagem distorcida, toda religião que te cobre de sombra, seja desfeita. Santifica o teu nome em nós.
Não queremos outro governo. Nem o nosso, nem o dos homens. Que teu Reino, tua forma de ser, tua justiça e paz, se instalem aqui. Em mim. Em nós. Que tua autoridade nos invada por dentro e desça sobre a terra como fogo, não como guerra. Não nos leves ao céu — desce o céu até nós.
Que aquilo que é pleno nos céus — tua vontade, tua ordem, tua harmonia — também se manifeste aqui. Nas nossas decisões, no nosso corpo, no nosso tempo, no concreto da vida. Que teu querer torne-se o nosso querer. Que o céu toque o chão dos nossos dias.
O pão de agora. O pão essencial. O pão que sustenta o corpo e o pão que sustenta a alma. Não o acúmulo, não o excesso, mas o suficiente. Dá-nos o pão que é alimento, e dá-nos o pão que é Cristo. Hoje. E amanhã, outra vez.
Não somos inocentes. Carregamos falhas, erros, dívidas não pagas com o amor. Liberta-nos disso — mas faz isso com a mesma medida com que temos escolhido libertar os outros. Porque quem reconhece o perdão que recebeu, se torna fonte de perdão. E quem não perdoa, não entendeu ainda que já foi perdoado.
Não nos deixes entrar nos labirintos que nos fazem esquecer de Ti. Livra-nos do divisor — o diábolos — que nos quer romper por dentro. Que tenta nos separar de Ti com sorrisos ou medo. Que semeia esquecimento. Que nos convida ao egoísmo, à pressa, à cegueira. Livra-nos do mal e do maligno, E conserva-nos inteiros, conectados, despertos, fiéis.